terça-feira, 26 de janeiro de 2010


No escurinho do cinema...

Eu adoro Rita Lee Jones. Seu jeito simples de escrever canções simples nos transporta para as mais diversas situações e lugares. Quem, por exemplo não fica se imaginando no cinema quando ouve a popular “flagra” ? Absolutamente ninguém. Mas não é sobre a Ritinha que quero falar não. É sobre cinema mesmo.Vou compartilhar com vocês uma situação constragedora e ao mesmo tempo engraçada, embora tenha demorado um bom tempo para que eu encarasse o ocorrido como um fato engraçado.


Aconteceu no cinema do Shopping Caruaru, há alguns anos atrás, em plena sexta feira a noite. Eu senti pela primeira vez a sensação do verdadeiro escurinho do cinema. Acompanhada? Eu? – Não, não. Esse mico eu tenho o prazer em dizer que paguei sozinha mesmo. Tudo começou quando eu acabara de assistir a um filme, que não lembro mais o nome, e resolvi ir ao toalete do cine na hora da saída. .Para minha falta de sorte o lanterninha deveria estar muito cansado, já que passavam das 23h e o cinema havia apresentado sua última seção. Pois bem, diante do descuido do dito cujo, as portas do cinema foram fechadas comigo ainda no toalete, retocando meu batom e fazendo caras e bocas diante do espelho. Ao abrir a porta do water closer me deparei não com “o escurinho do cinema”, mas com uma escuridão capaz de assustar até alma penada. O que farei agora, pensei eu .Ora bolas, aquele moleque estúpido me deixou trancada aqui e justamente hoje que meu celular está com a bateria arriada. Santo Deus, o que será de mim? E agora?

Consegui me situar em que lugar estava e fui caminhando até a porta de saída. Ao chegar comecei a gritar por ajuda, mas não adiantou muito, pois todos os funcionários do shopping já haviam saído e eu precisava entender que estava absolutamente só naquele lugar. Nessas horas a gente pensa muita coisa ao mesmo tempo e fica com medo por estar diante do desconhecido. Mas eu confesso que não fiquei mais assustada do que constragida. Minha preocupação era de como meus amigos e minha família iriam reagir quando soubessem. Eles vão rir muito da minha cara, pensava eu. Mas eu vou processar esse cinema assim que sair daqui. Eles vão me pagar por esse constragimento, resmungava eu. Confesso que era esse o pensamento que me mantinha ligada. Eu precisava encontrar uma forma de provar para as autoridades, no dia seguinte, que eu estivera naquele lugar. Logo eu, que adoro cinema passar por uma coisa dessas. Trancada aqui nesse cinema até parece que sou estrela de algum longa. Que filme daria para fazer numa hora dessas? – Pânico, Sexta Feira 13 ou A Bruxa de Blair. Acho que o que mais combina com a situação é “A hora do pesadelo”.

Encostei na parede da entrada do cinema e fui andando e me guiando por ela. Não havia nenhum sinal de luz por mínimo que fosse. Era a sensação de um buraco negro e quente, pois o sistema de ar condicionado havia sido desligado uns 30 minutos atrás. Continuei a andar vagarosamente encostada pelas paredes quando senti que estava numa sala diferente. Desencostei das paredes e comecei a percorrer a sala como se fora um zumbi perdido num cemitério. Derrepente, no meio daquela sala eu toco numa escada de ferro. Não tive dúvidas e calmamente fui degrau por degrau subindo, subindo e subindo sem saber para onde. Naquelas alturas eu sabia que em algum lugar eu iria encontrar algum sinal de luz ou simplesmente qualquer sinal de qualquer coisa. Eu estava certa. Ao final da escada entrei numa sala totalmente escura e barulhenta. Eu não sabia o que provocava aquele barulho, mas sabia que era de alguma máquina que estava bem ali perto.

Fiquei furiosa ao tocar numa mesinha de madeira e senti que ali existiam papéis grandes e pequenos. Encontrei também umas fitas de vídeo em grandes rolos, não dava para ver, mas dava para sentir que eram fitas de video. Quando estava bem perto de matar a charada de onde eu estava eu encontro o que mais me deu alegria naquela noite: Uma lanterna. Meu Deus! Que alívio. Pronto, agora sim eu me encontrei, pensava eu, feliz da vida. Ao acender aquele pequenino e tão adorável objeto eu entendi de vez que estava na sala dos barulhentos projetores. Não apenas dos projetores, mas também daquelas fitas profissionais com filmes recém lançados e cartazes e fotos dos astros de Hollywood. Não eram como aqueles cartazes de revistas de bancas, não. Era um material totalmente profissional, fotos lindas e de todos os tamanhos. Encontrei o Michael Douglas, a Júlia Roberts, o Mikey Rourke o Silvester Stalone, o Herisson Ford e tantos outros. Para minha infelicidade não havia nenhuma do keanu Reeves.

Haviam passados 50 minutos e nada de ninguém se da conta do meu sumiço. Mas quanto a isso eu nem tinha esperança, pois havia ido sozinha ao cinema após o expediente de trabalho e não lembrava de ter comentado com ninguém sobre minha pretensão de pegar um "cineminha à um". Mesmo estando distraída com o clima cinematográfico da sala dos projetores eu sabia que precisava fazer alguma coisa para no outro dia provar que eu havia passado por aquela situação. Resolvi usar meu batom recém comprado, lançamento da Kelvin Klain, para escrever em baixo da mesinha onde ficavam as fotos. Escrevi a data e a hora em que aquilo tudo havia começado. E por fim assinei meu nome. Nem precisa dizer que meu batom não serviu mais para nada depois dessa. O que, claro, agravou ainda mais meu mau humor.

Eram passados quase 60 minutos quando eu resolvi descer as escadas e ir ao toalete. Ao chegar na porta eu escutei vozes, mas não eram as vozes do além, como nos filmes de terror. Eram vozes humanas e vinha do teto da praça de alimentação do shopping que ficava em frente ao cinema. Imediatamente tratei de gritar por ajuda. No primeiro grito ouviu-se aquele silêncio. Coitados. Ao sair daquele lugar fiquei sabendo que aqueles homens pensavam estar na compahia de fantasmas agonizantes. Depois do terceiro grito eles entenderam que não se tratava de fantasmas, mas de alguém que estaria trancado, sabe-se lá Deus porque, dentro de uma sala de cinema. As portas se abriram para minha felicidade e constragimento também. Dava para sentir o espanto daqueles trabalhadores que estavam, naquela noite, para minha sorte, consertando o telhado do shopping e se depararam com aquela cena hilária.

Ao sair da sala fui informada que o departamento pessoal ainda estava aberto e com 2 funcionários devido ao serão extra executado pelos trabalhadores. Imediatamente fui até lá e com bem pouca simpatia, comuniquei ao gerente que no dia seguinte eu prestaria queixa por danos morais e processaria o cinema. Ele apenas ouviu, pediu desculpas e disse que entendia perfeitamente minha indignação. Pois bem, vou terminar por aqui dizendo à vocês que no dia seguinte fui conversar com o advogado e recebi orientações para iniciar o processo contra o Cine Caruaru por danos morais, porém, pensei melhor e de cabecinha fria eu desisti da idéia. Afinal de contas não é todo dia que você tem a oportunidade de passear por um cinema e vê com detalhes como é que ele funciona não é. Claro que poderia ter sido em outras condições e sem tanto constragimento, mas pensando bem, de vez em quando a gente precisa entender que a vida nem sempre tem que ser tão seria assim.

foi mais uma experiência que se junta a tantas outras da minha juventude. Na época eu me aborreci bastante com as piadinhas dos meus amigos sobre o caso, alguns até diziam: Processa o cinema e faz esse lanterninha pagar pela distração. Mas, eu e meu coração bobo não quis que o pobre demente do lanterninha perdesse o emprego. Hoje quando lembro desse episódio ainda dou boas risadas. Foi hilário, único e inesquecível. Do filme que assisti não me recordo, mas da sala dos projetores do Cine Caruaru realmente não dá para esquecer. Garanto para você minha querida Rita que apesar de não ter chupado drops de anis e de não ter estado longe de qualquer problema eu tive um final feliz. Essa minha vida é um cinema.

THE END

Aninha Marques



5 comentários:

  1. eita aninha só no escurinho do cinema hemmmm, rsrsrsrrsrsrs . isso só acontece com tu mesmo , maluquinha que adoroooooooooooooo. tenho saudades das nossas risadas . kkkkkkkkkkkkk , e aiiiiiiiiiiiiiiiii bora pú lapi !!!!!!!!!!!!!!!

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  2. Eita meu Deus, aposto que quando o lanterninha soube disso ficou se lamentando de num ter usado um Desodorante AXE e ter estado la pra jogar uma cantada do além hauehuaehuaehuaehuea
    zuera!!

    Mermão imagino vc processando o cinema e tempos depois ele deixar de existir... kkkkkkkk

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  3. huahuahau :) que resenha!!
    imagino só a situação...

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  4. Só você mesmo hein Aninha!
    Quando voltas pra nossa terrinha?
    E o projeto da banda?
    Beijos.
    Saudades.

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  5. Eita Aninha, mesmo nas situações mais inusitadas, vc sabe tirar o melhor. Rodeada por hollyodianos; kkkkkkkkkkkk. Bjs

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